domingo, 20 de dezembro de 2009

PARAÍSO

Foi Deus,

Ser Supremo,
o mais Nervoso dos nervosos,
o mais Irritado dos irritados,
contemporâneo Precursor
da infelicidade contemporânea,
Quem, como se sabe, construiu,
com a argila literária universal,
o Paraíso: fez-se a Luz.


Ali, centrado em Si,
desenvolveu a Mulher, o Demo
e Adão. Este último, macho desajeitado,
sem razão e sem sorriso.
O que se seguiu é de ciência comum:
Total ausência de castidade - e de juízo.


Dizem os pulsares que Deus
(que nunca se culpou, pois Ele só não é a culpa de todas as culpas)
até hoje, com a mão sob o queixo, estupefato está:
- Que imagem é essa?
- Que semelhança é essa?
- Quem foi que deu causa a tamanha leviandade?
(Brada Ele, eternamente, diante das infinitas luzes do infinito Universo).


E assim Deus quedou-se inerte, imerso em Seus pensamentos.
E assim permanece, há muitos anos-luz.


As vezes, pergunto eu, diante de tantas contradições:
- Se até Ele não sabe, como saberei?

 
Autor: Bardo Setelagoano
Publicado no site Recanto das Letras

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